O título deste tópico pode dar a entender a ideia contrária do que vou tentar exprimir.
Confesso que não simpatizo muito com o senhor, mas no que toca à polémica do seu livro, Caim, estou do seu lado.
As críticas que tenho ouvido por parte da igreja dão a entender que não se pode falar contra assuntos religiosos. Parece que quando alguém quer exprimir as suas convicções contra uma crença ou algo do género é frequentemente aconselhado a calar-se.
Mas... que raio de coisa é esta?
Uma pessoa não pode dizer aquilo que pensa e exprimir aquilo em que acredita só porque ganhou prémios ou seja pelo que for?
Se os crentes têm o direito a "espalhar a sua fé", porque é que alguém não crente não tem o direito de se "defender"?
Até já houve quem viesse do PSD sugerir que, por este "incidente", seja retirada a nacionalidade Portuguesa a Saramago. Pergunto: por causa de um livro?! Mas onde é que esta malta anda com a cabeça? O homem nasceu em Portugal deixem-no ficar com as cores com que nasceu, ainda que possa ter vindo a arrepender-se. Quantos não há por esse mundo fora, de nacionalidade portuguesa e que simplesmente detestam Portugal. E não é por essas pessoas que Portugal é um país "menos bom", mas sim pelas que cá ficam (e nos governam).
No fundo, acho que o verdadeiro mal reside no facto das religiões basearem-se em livros, testamentos, manuais de instruções, etc. E o mais inacreditável é que, mesmo tendo já sido escritos há centenas de anos (por pessoas!) continuam a ser considerados como "verdades sagradas e incontestáveis". Quando não o são. Desde guerras à custa da religião, ódio resultante de crenças opostas, a repugnância do preservativo e das relações sexuais que tão bem fazem à saúde, etc etc etc.
Um facto: maioria das pessoas precisa de acreditar em alguma coisa que não existe. Consequência: criação de religiões. Passo seguinte: guerras para ver quem adere ao clube do Jesus ou do Moisés ou do Judas ou outro herói. Surpresa: passados centenas de anos, as pessoas continuam a achar que faz sentido acreditar nos manuais de instruções escritos nessa época. Mesmo depois do que a história lhes mostrou (inquisições, guerras, clero/Vaticano a nadar em ouro e o povo na pobreza, e muito mais).
Para fazerem o bem não precisam de acreditar em nenhum herói. Nem seguir o manual de instruções que alguém há centenas de anos escreveu.
Respeito quem acredita seja no que for. Mas também exijo que se respeite quem não acredita e que tenha igual liberdade de expressar as sua opiniões, até porque ninguém é mais que ninguém.
Certo?
PS: ainda não li o livro
http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Saramago
Notícias:
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1396943
http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1396506&seccao=Livros
Saramago! Pshh.. cala-te!
Publicada por Bravo Mofo à(s) 10/21/2009 Etiquetas: Livros, Política, Religião
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